Quando virei adolescente minha mãe me confidenciou algumas dicas de como prender um homem: entre elas a de nunca urinar de porta aberta na frente um do outro. No meu primeiro relacionamento de verdade, estava decidida a seguir a recomendação materna. Mas foi o meu parceiro quem na manhã seguinte ao juntarmos as trouxas, tirou uma bacia de plástico do armário do banheiro, encheu-a de água morninha e sentou-se nela. Tudo explícito. Não guardei muitas memórias depois do fim da relação, mas aquela cena matinal, ficou marcada.
Com o segundo, eu fui logo falando, "por favor não urine na minha frente porque me faz perder o tesão. Vale tudo, sexo oral, masturbação, pornografia, menos ter que te ouvir urinando. " Tadinho, ele aprendeu a fazer xixi na lateral interna do vaso sanitário pra não perturbar o silêncio da casa. Notei que começou a beber menos água, a pele foi ressecando aos poucos, já nem transpirava tanto. O coitado um dia não agüentou, chegou bêbado em casa após uma noitada de cerveja com a galera do futebol, me chamou de neurótica, tirou o pênis pra fora e esvaziou a bexiga na samambaia em cima da mesinha de centro da nossa sala. No dia seguinte, fez questão de entrar no banheiro e deixar a porta escancarada. Ouvi o barulho da urina. Era forte, constante, soava como a água de cachoeira jorrando! Era muito macho o meu parceiro, e eu tentei aprender a apreciar todo aquele instinto animal. Até que chegou o dia em ele foi perdendo a graça. Tanto fazia ouvi-lo ou não ouvi-lo. Faltava ali um ingrediente misterioso, devia ser o amor.
Recentemente, estava eu no maior amasso com um carinha todo fino, todo educado, dentro do VW dele. Na hora H, ele resolveu dizer que precisava urinar. Não me contive: “Pô, cara, justo agora? Ninguém merece.” Ele abriu a porta, baixou o zíper e mijou. Brochei. Fechei a blusa, vesti a calcinha, cruzei os braços, "toca o carro pra casa, Oswaldo.” Ele pediu explicação. Eu liguei o radio e fui emburrada até em casa. De raiva. De ódio. Praga de mãe é uma merda!, pensei, com o sangue fervendo por dentro.
(2009)
Com o segundo, eu fui logo falando, "por favor não urine na minha frente porque me faz perder o tesão. Vale tudo, sexo oral, masturbação, pornografia, menos ter que te ouvir urinando. " Tadinho, ele aprendeu a fazer xixi na lateral interna do vaso sanitário pra não perturbar o silêncio da casa. Notei que começou a beber menos água, a pele foi ressecando aos poucos, já nem transpirava tanto. O coitado um dia não agüentou, chegou bêbado em casa após uma noitada de cerveja com a galera do futebol, me chamou de neurótica, tirou o pênis pra fora e esvaziou a bexiga na samambaia em cima da mesinha de centro da nossa sala. No dia seguinte, fez questão de entrar no banheiro e deixar a porta escancarada. Ouvi o barulho da urina. Era forte, constante, soava como a água de cachoeira jorrando! Era muito macho o meu parceiro, e eu tentei aprender a apreciar todo aquele instinto animal. Até que chegou o dia em ele foi perdendo a graça. Tanto fazia ouvi-lo ou não ouvi-lo. Faltava ali um ingrediente misterioso, devia ser o amor.
Recentemente, estava eu no maior amasso com um carinha todo fino, todo educado, dentro do VW dele. Na hora H, ele resolveu dizer que precisava urinar. Não me contive: “Pô, cara, justo agora? Ninguém merece.” Ele abriu a porta, baixou o zíper e mijou. Brochei. Fechei a blusa, vesti a calcinha, cruzei os braços, "toca o carro pra casa, Oswaldo.” Ele pediu explicação. Eu liguei o radio e fui emburrada até em casa. De raiva. De ódio. Praga de mãe é uma merda!, pensei, com o sangue fervendo por dentro.
(2009)