Foi em uma aula o primeiro encontro. As pessoas não tinham muito a ver com ela. Talvez um pouco mais com ele.
Ela estava um bocado entediada.
Ele parecia mais animado.
Quase que ela desistiu de escutar aquele monte de coisas óbvias que as pessoas insistem em falar e em cobrar por isso. E ainda dão um ar acadêmico.
E outros tantos acham que isso é importante.
Para o currículo. Para a corporação. Para a vida.
Ela já entendeu há muito tempo que não.
Ele ainda queria descobrir. Ainda tinha dúvidas.
Ela tem mania de ficar olhando as pessoas e inventando uma vida pra elas.
Começa pelo “aperto” da roupa, passa pela jóia ou bijuteria... É dourada ou prateada?
E aí ela percebe o jeito de falar, os comentários, o movimento do corpo... E de repente tem o perfil completo.
Não é que seja um jeito bacana de ser, mas que é preciso é. A danada é bastante observadora.
Ele já é mais relaxado. Não tem muitos critérios para construir historinhas. Aliás, tem, mas diz que não tem.
E acho que nenhum dos dois sabe explicar, mas foi naquele lugar, sem procurar, sem querer, que os dois se conheceram.
Primeiro foi aquela história de roçar a perna disfarçadamente. Cruzar o olhar e morrer de vergonha. Soltar piadinhas patéticas e que só os dois acham a maior graça.
E vem um tesão incontrolável. Não, ninguém percebe, ninguém vê. Tesão é invisível quando não declarado...
A primeira conversa ao telefone foi surreal. Ela falando que estava saindo pra malhar, percebeu que não era a onda dele.
Ele fazendo mil perguntas que ela não sabia o que responder.
E começaram a se encontrar. Os filmes que viam, os diretores que gostavam, as músicas, os livros, a praia, as viagens e conversavam muito, durante muito tempo, sobre muitas coisas.
E um desejava o outro alucinadamente. Para tudo. Pra falar, pra rir, pra colar o corpo um no outro, pra andar, pra olhar pro mar, pra ficar em silêncio. De vez em quando brigavam, brigavam e dava uma vontade de chorar horrível. Porque era impossível imaginar ficar sem o outro.
Até que um dia se beijaram. E foi o melhor beijo do mundo.
E aí se beijaram muito. Ficavam beijando horas. Muitas horas. Dias. Muitos dias.
E foram pra cama. E foi a melhor trepada do mundo.
Era um sexo que durante horas era sem ar. Depois era só carinho.
E foi assim durante anos.
Sempre achei que isso nunca acabaria. Um homem e uma mulher não têm um encontro desses muitas vezes na vida.
Um dia, encontrei com ele em outra.
Noutro dia, foi a ela quem vi.
Mas tenho certeza que ainda se amam.
Alguma coisa muito misteriosa aconteceu com esses dois.
Fios e atavios no Armazém4
Há 8 anos
6 comentários:
Ai, linda a história.
É que tiveram a sabedoria de se separar antes que tudo terminasse em não.
A parte em que vc diz:
"Primeiro foi aquela história de roçar a perna disfarçadamente. Cruzar o olhar e morrer de vergonha. Soltar piadinhas patéticas e que só os dois acham a maior graça.
E vem um tesão incontrolável. Não, ninguém percebe, ninguém vê. Tesão é invisível quando não declarado...", me fez voarem as borboletas no estômago...
É mesmo incrível como algumas coisas são tão boas... e tão efêmeras...
"que seja infinito enquanto dure" já dizia o poeta.
O cara entendia tudo mesmo...
Adorei!
bjs
Linda história, Layla!
E super real, né?
Amor tem data de validade mesmo, querida.
Não importa o quanto e como foi lindo o início, o fim é quase sempre igual e inevitável.
Essa semana será insuportável com a enchurrada de lixo comercial enaltecendo o amor inverossímel por conta do Dia dos Namorados (futuros ex).
Oh,data infame!
Layla já entendi, tudinho.
Voce quer que a gente pergunte: MAS COMO O QUE É QUE ACONTECEU?
Já sei!
Vou pedir a Bia pra perguntar!
Num tô entendendo, a Comandante Layla deu uma escorregada no romantismo?
Sei não....
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