segunda-feira, 31 de agosto de 2009

Cuidado! Praga de mãe, cola.

Quando virei adolescente minha mãe me confidenciou algumas dicas de como prender um homem: entre elas a de nunca urinar de porta aberta na frente um do outro. No meu primeiro relacionamento de verdade, estava decidida a seguir a recomendação materna. Mas foi o meu parceiro quem na manhã seguinte ao juntarmos as trouxas, tirou uma bacia de plástico do armário do banheiro, encheu-a de água morninha e sentou-se nela. Tudo explícito. Não guardei muitas memórias depois do fim da relação, mas aquela cena matinal, ficou marcada.

Com o segundo, eu fui logo falando, "por favor não urine na minha frente porque me faz perder o tesão. Vale tudo, sexo oral, masturbação, pornografia, menos ter que te ouvir urinando. " Tadinho, ele aprendeu a fazer xixi na lateral interna do vaso sanitário pra não perturbar o silêncio da casa. Notei que começou a beber menos água, a pele foi ressecando aos poucos, já nem transpirava tanto. O coitado um dia não agüentou, chegou bêbado em casa após uma noitada de cerveja com a galera do futebol, me chamou de neurótica, tirou o pênis pra fora e esvaziou a bexiga na samambaia em cima da mesinha de centro da nossa sala. No dia seguinte, fez questão de entrar no banheiro e deixar a porta escancarada. Ouvi o barulho da urina. Era forte, constante, soava como a água de cachoeira jorrando! Era muito macho o meu parceiro, e eu tentei aprender a apreciar todo aquele instinto animal. Até que chegou o dia em ele foi perdendo a graça. Tanto fazia ouvi-lo ou não ouvi-lo. Faltava ali um ingrediente misterioso, devia ser o amor.

Recentemente, estava eu no maior amasso com um carinha todo fino, todo educado, dentro do VW dele. Na hora H, ele resolveu dizer que precisava urinar. Não me contive: “Pô, cara, justo agora? Ninguém merece.” Ele abriu a porta, baixou o zíper e mijou. Brochei. Fechei a blusa, vesti a calcinha, cruzei os braços, "toca o carro pra casa, Oswaldo.” Ele pediu explicação. Eu liguei o radio e fui emburrada até em casa. De raiva. De ódio. Praga de mãe é uma merda!, pensei, com o sangue fervendo por dentro.

(2009)


10 comentários:

Lindas e Belas disse...

Háháháháhá. Muito bom Julieta! Mas procure relevar. Acredito que haja um interruptor nos homens localizado exatamente na bexiga. Quando ela tá cheia, o cérebro desliga. Nada mais funciona. Emoção, tesão, razão. Nada.
rs

Renata Born disse...

Olha, Juju, adoooooooooooro essa intimidade da porta do banheiro aberta.

Amiga, você pode achar erotismo onde bem entender.

Pense nisso, querida!

Beijos.

Lady Shady disse...

hahahahahahaha! maravilhoso!
Olha, n.1 não me incomoda não...acho até ligeiramente sexy...
Mas n. 2 de porta aberta, pra mim é inconcebível!!!!!!!!!!!!!!!!
bjs, bjs!!!!

Dona Baratinha disse...

Odeio!!! não sei da onde os homens tiram essa idéia. Nada de porta aberta, gente! Nem fio dental!

Anônimo disse...

Relevo não. O cara tem que tá lá, prontinho, tem que aprender a esvaziar a bexiga antes de entrar no carro, lembrar de fechar a porta. Respeitar minhas neuroses, ora essa!

Beijos a todas,

Ju

Postmodern Casanova disse...

Tudo bem que não se faz xixi de porta aberta naquele iniciozinho de relacionamento. Aliás... xixi de porta aberta é um sinal de intimidade, da mesma forma que encontrar uma calcinha secando no box também é ...
Agora no primeiro encontro dar "aquela mijada" (com o perdão da palavra) beira à bestialidade (tal qual a calcinha no box).

hmmm... Ju... Você respeita as neuroses dos rapazes? Pergunto pq as minhas neuroses não são assim... tão respeitadas, principalmente pelas neuróticas!

Anônimo disse...

Uma vez fui num motel em que o banheiro tinha porta de vidro. Muito constrangedor. Nem preciso dizer que a uma certa altura bateu vontade de número 2. Fazer o que...

julieta delfina disse...

Anônimo do Motel,


Oh, que situação terrível você vivenciou. Deve ter sido muito difícil voltar ao sexo (ainda mais o oral) depois de ter tido teus movimentos intestinais e fecais. Conta aqui pra gente como foi. Ela notou?

Abraços,

J. Fina

Juliette Delfin disse...

Casanova,

Vc está certíssimo, intimidade sempre vem com o tempo. Felizmente minha mãe estava errada e eu agora consigo ter certas intimidades... Ah as mães, não sabem o mal que nos fazem querendo só o nosso bem!

Hum... deixa eu pensar... sim, acho que respeito. Havia um que detestava quando eu colocava palito usado e volta na caixa... aprendi a jogar no vaso e dar disgarga depois de acender o aquecedor do banheiro. Agora havia outro que só queria ficar na ralação de parede. Este eu não relevei. Ataquei. acho que ele não se arrependeu. Pelo menos não reclamou :)

Eu te aconselho a conversar antes sobre as suas neuroses com a sua parceira. Se ela te ama de verdade, vai fazer de tudo pra te fazer o homem mais feliz na face da terra! Tenta e depois me conta!

Abraços,

J. Fina

Postmodern Casanova disse...

Rsrsrs..
Você tem razão Ju!

Na verdade conversar é sempre o melhor jeito! Se incomoda e atrapalha tem que deixar tudo bem claro!

Mas sabe como é... sempre rolam alguns hábitos que parecem imutáveis (meus e dela)... Bom... quando se resolve quase tudo... as vezes é bom ter algo (pequeno) com o que implicar...

hehehe

Abs!!!