Sempre fui meio retardada. Fui uma criança e uma pré adolescente careta, a última a beijar na boca e a última a perder a virgindade, ainda que tenha sido a primeira das amigas a ter peito, pelo e tpm. Todas as amiguinhas ficavam com o Vitor Hugo, com o Pedro Oliveira, com o Rafa Dias. Crescemos e elas davam para o "Rato", para o "Bob", para o "Dilema", para o "Osso". Eu, super virgem, cheia dos receios de descobrir todas as delícias de uma só vez e não ter mais sensação do novo na vida.
Isso fez com que os caras do condomínio desenvolvessem uma espécie de fixação em mim, já que eu era aquela que, entre o meu primeiro beijo e a primeira mão na bunda, deixei um intervalo de 3 ou 4 anos. Eles queriam apertar a minha bunda, passar a mão no meu peito, desabotoar meu sutiã enquanto eu, se ficasse com algum Zé Mané que se atrevesse a passar a mão por cima da minha calça de Bali, levantava o dedo e começava o bla bla bla mais chato do mundo.
Você tá pensando que eu sou o que? É isso que você quer? Alguém pra passar a mão??? Seu machista babaca, acha que mulher serve pra isso?
Todos faziam cara de saco cheio, falavam que iam ao banheiro e não voltavam mais.
Eu nunca ficava com os carinhas do prédio e sempre escolhia os desconhecidos das matinês. Mas tinha o Índio e o Ìndio... Ah, ele eu deixaria passar a mão na minha bunda. A gente chamava ele de Índio, porque parece que adolescente precisa dar apelidos e ele, ainda que não fosse um moreno de cabelo preto e liso, tinha um índio tatuado nas costas. Ele pegava onda e a gente descia toda tarde para ver os surfistas em ação.
Um dia eu fiquei com o Índio e ele não tentou passar a mão na minha bunda. Me deu uma dúzia de beijos gostosos, me apertava contra ele, mas... nada de bunda. Fui pra casa e, na hora de dormir, sentia um tremelique esquisito (hoje, meu velho conhecido) entre o peito e o umbigo, quando lembrava dos apertos do Índio e vislumbrava o quanto seria bom aquela mão grandona alisando minhas nádegas.
No outro fim de semana, teve um churrasco na casa do Gigante. O gigante morava no mesmo condomínio, mas o pai morava no Mansões e os churrascos dele eram sempre lotados de gente e, claro, todo mundo se pegando: carinha sentado na mureta de perna aberta com a menina encaixada, menina com menino se pegando dentro da piscina, aquela coisa. O Índio tava lá, segurando a latinha de cerveja com aquela mão enorme e eu pensando que aquela mão deveria estar na minha bunda e não na latinha de cerveja. Eu tinha 16 anos e alguém precisava passar a mão na minha bunda. Tinha de ser o Índio.
Os outros meninos ficavam sempre em cima de mim e, nesse churrasco, eles me olhavam de longe e eu cheguei a ouvir um vizinho meu, quando eu passei para o banheiro: Lá vai Dona Felícia Índio. Fiquei aliviada, porque sabia que chegaria o momento do Índio chegar em mim - nessa época tinha isso, o momento dos meninos "chegarem" nas meninas e isso era insuportavelmente gostoso, principalmente quando sabíamos que o nosso cara era certo.
O Índio chegou em mim, na hora esperada. E eu sabia que aquele seria o dia da minha bunda. Depois de um tempinho perto da piscina, fomos para trás da sauna, onde não tinha ninguém e onde eu poderia ter a minha bunda alisada longe dos olhos de todos.
Saí de lá extasiada. Aquele mãozão parecia estar grudado em mim. O que eu sentia não era passível de explicação. A impressão era de que nem quando eu transasse a primeira vez sentiria algo desse tipo. Tudo meu tremia, gritava, arrepiava. Eu era uma espécie de chilique ambulante. O Índio tinha passado a mão na minha bunda e eu poderia morrer afogada na piscina, que morreria feliz.
Saímos de mãos dadas e ele foi pegar mais uma cerveja. Fui ao banheiro fazer xixi e não voltei por fora da casa, mas pela sala, pois passei para pegar uma canga na mochila.
O Índio tava pegando uma nota de dinheiro de cada moleque do bando.
- Conseguiiiiiiiiiiu, hein!
- Esse é o nosso Cacique!
- Foi só na bunda ou no peito também?
Eu vomitei e tive febre esse dia. Passei mal a noite inteira, não conseguia nem chorar. Minha mãe perguntou o que eu tinha, meu pai preocupadíssimo, meu irmão maior soube e quis bater em todos, mas eu não deixei.
Nunca mais fiquei com o Índio, nem com nenhum menino do condomínio: ficava com vários meninos desconhecidos nas festinhas, deixava todos apertarem bunda e peito, fazendo questão que cada moleque daquela tribo estranha visse e passasse a noite toda tocando punheta pensando em mim.
Fios e atavios no Armazém4
Há 8 anos
8 comentários:
Felícia,
Muito boa a estória.
Se o tal Indio estiver por aí e souber escrever ele poderia dar a versão dele no nosso Blog, o de lá!
Ráh!
ótimo texto.
como diria o "obrigado esparro": na adolescência o menino é quase um homem, ou seja, tem o QI de um macaco!
todo mundo passa por coisas desse tipo, é mto traumático. Eu definitivamente prefiro a idade adulta...
Felzinha,
Esquece essa história...
Coisa de menino mesmo.
Beijos.
O melhor de tudo são os apelidos!
Graças a Deus a gente cresce e começa a sair com seres humanos com nome de gente! (se bem que uns abandonam o apelido mas a babaquice fica)
E graças ao Diabo a gente se dá ao marailhoso prazer de ser apalpada e apalpar tudo, sem culpa cristã!
Dona Baratinha tá certíssima!
Um viva a idade adulta!!!!!
E foi aí que a Fel descobriu que todo adolescente é filho da puta. Alguns figem que não para passar a mão na bunda das meninas inocentes. Sua estorinha é praticamente um rito de passagem...
Mas menininhastambém podem ser bem cruéis, FDP, etc.
Beijundas
Postmodern Casanova
Gente, será que o Índio da adolescência da Fel é o mesmo cara do pub, com quem eu saí?
Ah!Felícia. Tenho uma história igual. Com personagens inveridos. O Índio era eu. Háháhá. Mas o final foi surpreendente. Me apaixonei pela bunda, pelo beijo. Pela Felícia inteira. E meus amigos do condomínio assistiram por2 anos a história de amor mais surreal das suas vidas.
Surreal costuma ser gostoso que irreal e bem mais divertido do que o real...
Agora... me digam... é o mesmo condomínio? Lugarzinho agitado esse hein! Rsrsrsrs...
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